domingo, 11 de novembro de 2007

Amigos é bom chamar pelo nome

Podemos nos sentir amigos -- e assim sermos amigos -- de quem não nos conheça, e que nem conhecemos pessoalmente. É o meu caso. Sinto-me amigo de quem decifrou o nome de uma porção de amiguinhas, borboletas, que freqüentam o jardim de casa (não consigo chamar de "meu jardim", porque, venturosamente, é compartilhado). Trata-se de Felipe Canuto, e é bom chamá-lo pelo nome, porque amigos é bom chamar pelo nome. Cruzamos textos, fotos e telas no meio virtual, uma vez só, mas para sentir essa coisa poderosa, a amizade, é necessário que seja todo ano, todo mês, todo o momento? Uma vezinha só que seja, não basta?

Tenho amigo que faz anos, uns quatro, que não vejo, e nem por causa disso o sinto menos amigo. Nem falo com ele, na verdade. Mas sei que está lá, ou acolá, pronto para um abraço um tanto frio, porque é avêsso, o meu amigo, a grandes exteriorizações de afeto. Sentirei o calor de seu afeto através das lentes de seus óculos finos, num tipo de sorriso que só o olhar consegue. Trata-se do Anael, porque amigos é bom chamar pelo nome (não é a inteira verdade: chamo-o, na intimidade jocosa, de Manoel de Aniquilino, a ele, cujo nome é Anael de Aquino, que é um aliás de seu verdadeiro nome, Anael de Souza -- porque é bom dizer o nome do amigo).

Indago-me, agorinha mesmo, neste momento, qual a causa do destempêro de querer nomear amigos, recentes e antigos, ainda que só dois, para ilustrar. É que amigos é bom chamar pelo nome, e meu nome mudou, semana passada. Mudou de verdade, no registro civil, que ao antigo foi acrescentado sobrenome, Waideman. Para os meus amigos, todos eles, incluindo meu filho e filhas (que ganhei mais duas), continuo sendo o Elcio de sempre, que é só pelo prenome que me chamam. Mas alerto: se quiserem usar todo o nome, acrescentem, por favor, Waideman. Porque amigos é bom chamar, pelo menos às vezes, nos momentos mais formais, pelo nome completo.

2 comentários:

Elka Waideman disse...

Elcio, pode ser que a causa do que se passou comigo ao ler o texto tenha sido a emoção já prévia da partida da prima. Mas mesmo assim duvido que, mesmo se não houvessem lágrimas, o que houve, a emoção purinha estaria presente. Escrito com delicadeza e musicalidade.
Pude ver seu coração.

Elcio Machado disse...

Elka, obrigado. Fico emocionado. Olhares, que a visão não consegue ter. Também pude ver seu coração. Um diálogo mediado por palavras, mas estas nem sempre são necessárias, sabemos disso. A moeda corrente é mesmo o afeto.